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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Intervenção na Prática Psicopedagógica


*Lívia Rocha Caldas
Aluna do Curso de Psicopedagogia Clínica do ISECENSA
*Maria Rachel Escocard
Mestre em Psicologia Clínica e Neurociência –PUC-RJ

*Jacqueline Lopes Ferreira Bárbara
Doutoranda em Engenharia da Informação –UPSAM- Madri
De acordo com Fonseca (2008), o observador, quando assume a função de mediatizador deve humanizar a interação, induzindo no observado novos e renovados processos e procedimentos cognitivos visando relacionar e interagir com informação transmitida. O ato clínico implica na observação. Representa um momento de equilíbrio entre a palavra e o que está acontecendo, baseado num olhar de sensibilidade concreta. Nesse sentido, a avaliação psicopedagógica verifica a compatibilidade entre o nível de desempenho da criança na escola e a sua faixa etária e/ou escolaridade, suas atitudes, competências ou inabilidades que facilitam ou interferem no processo de aprender. Segundo Fernández, (1991), “não se trata de ajudar o paciente para que confesse o importante, mas que ele fale do que carece a importância.” O uso de instrumentos na avaliação psicopedagógica são ótimos recursos e ferramentas auxiliares no processo. É importante que estes testes apresentem as propriedades psicométricas: validade, fidedignidade e padronização para que o trabalho do psicopedagogo tenha objetividade e direção. A Validade mede exatamente o que o teste propõe. A Fidedignidade é a reprodução fiel dos resultados e a Padronização evita falhas tornando mais apropriado a interpretação dos resultados. Segundo relatos de Weiss (2007), é possível entender que o uso dos testes e provas representa um recurso a mais a ser explorado num diagnóstico psicopedagógico. Além dos testes, é necessário a observação acurada, a escuta durante o processo de execução e o olhar clínico.
Dessa forma, para contribuir com a resolução das dificuldades de aprendizagem é necessário que o Psicopedagogo siga a direção e as indicações mais apropriadas para que o trabalho psicopedagógico seja eficaz, oportunizando o prazer de novas aprendizagens. O presente estudo foi realizado durante cinco sessões com R., de onze anos, estudante de escola pública, repetindo pela quarta vez a primeira série (correspondente ao 2º ano do Ensino Fundamental), encaminhada por um fonoaudiólogo com suspeita de Dislexia. Dislexia, conforme Fonseca (2008) é uma específica dificuldade de aprendizado da Linguagem: em Leitura, Soletração, Escrita, em Linguagem Expressiva ou Receptiva, em Razão e Cálculo Matemáticos, como na Linguagem Corporal e Social. Não tem como causa falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, como nada tem a ver com acuidade visual ou auditiva como causa primária. Uma criança disléxica faz confusão de letras ou fonemas semelhantes. Além de discriminar mal os sons, pode também confundir os sinais gráficos. Esta confusão de símbolos torna a leitura incompreensível. Ao pedir para uma dessas crianças fazer uma redação, nota-se que tem dificuldades na construção das palavras e das linguagens. O texto geralmente é breve, com pensamentos limitados a ordenação das palavras é falha e a pontuação é anormal. O distúrbio faz com que a criança perca a vontade de estudar, ficando marginalizada na turma, tornando-se agressiva.
A identificação precoce dos sintomas, segundo Teixeira (2006), é essencial para o diagnóstico e início do tratamento, pois quanto mais cedo identificado, menores serão os prejuízos acadêmicos e sociais a que essa criança estará exposta. Foram realizados testes com R., cujo objetivo foi confirmar ou descartar a suspeita acima relatada.
Dificuldades Escolares e Transtornos Comportamentais. Os problemas de aprendizagem e os transtornos mentais podem prejudicar gravemente o futuro do indivíduo, caso não seja detectado e tratado corretamente. Nesse sentido, foram avaliados os seguintes aspectos sobre determinados transtornos e dificuldades:

I. TDAH – TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE.
Além do diagnóstico, fazer o reconhecimento do tipo de TDA-H torna-se fundamental, uma vez que o profissional poderá conduzir o caso, criando estratégias e meios de trabalhar as dificuldades. Segundo Rizzo (1985), é necessário proporcionar atividades variadas que ocupem a criança o maior período de tempo possível auxiliando sua conduta, dando liberdade de escolha e de movimento.
O hiperativo normalmente é rejeitado pela sociedade. Seu comportamento inadequado prejudica a concentração dos colegas que passa a excluí-lo. Esta exclusão pode levar o indivíduo a desenvolver problemas psicológicos podendo tornar-se introvertido, agressivo, exibicionista e com baixa auto-estima assentadas Outros fatores que contribuem para as dificuldades escolares são a falta de atenção, a orientação espacial, e a percepção visual.
A atenção é a capacidade de selecionar e orientar para o ambiente os estímulos que parecem importantes e que correspondem aos nossos interesses, intenções ou tarefas imediatas, com inibição concomitante dos estímulos irrelevantes, sem a qual a quantidade de informações não selecionadas seria tão grande e desorganizada que nenhuma atividade se tornaria possível.
Ao responder os estímulos que lhe são significativos, Brandão (1995 apud Lima, 2005), o Sistema nervoso mantém contato com as informações que chegam através dos órgãos sensoriais, dirigindo a atenção para o que é relevante garantindo a interação com o meio. Entende-se por orientação espacial a capacidade que o indivíduo tem de situar-se e orientar-se em relação aos objetos, as pessoas e o seu próprio corpo em um determinado espaço. A percepção visual está incluída em praticamente quase todas as ações humanas, desde o situar-se no espaço, como fator de equilíbrio, localização e memória visual, até a execução de tarefas como ler e escrever, por exemplo, além de outras ações que acompanham o desenvolvimento global.
A Atenção Seletiva refere-se à capacidade de emitir resposta a um estímulo específico desconsiderando aqueles não relevantes. Atenção Sustentada representa a capacidade do indivíduo em mantê-la focalizada em uma seqüência de estímulos, por um período de tempo, para conseguir desempenhar determinada tarefa, sendo caracterizada por uma habilidade em detectar estímulos (nível de vigilância) e por uma diminuição no desempenho ao longo do tempo.

II. MATURIDADE ESCOLAR
Para que uma criança alcance a maturidade escolar desejada é necessário que ela esteja pronta para começar o aprendizado direcionado. Isso acontece quando o seu físico, a sua relação social e o seu pensar demonstram o fim da fase anterior.
Quando uma criança adquire uma maturidade social para sentir-se à vontade fazendo parte de um grupo, quando desenvolve a sensibilidade de sentir-se como grupo, significa que ela já se encontra madura para aceitar ordens, solicitar indicações, aceitar o certo e o errado, o bom e o mal como algo inquestionável.
Faz-se necessário ressaltar que a maturidade escolar é um processo natural de evolução. Ferreiro (1993) afirma que a criança deve adquirir condições necessárias de “maturidade” antes de entrar em contato com um objeto. A criança, ao ingressar à escola, necessita estar preparada em diversos aspectos: emocional, mental, social e físico. Toda informação colhida permite entender melhor as dificuldades apresentadas no intuito de oferecer uma orientação e propostas mais adequadas à sua situação pessoal.

III. DEPRESSÃO INFANTIL
O termo depressão consiste na caracterização de sentimentos de tristeza, desencanto, disforia ou desespero. Os transtornos depressivos, segundo Teixeira (2006), produzem dificuldades sociais e acadêmicas, que podem comprometer o desenvolvimento do indivíduo.
É de grande importância ressaltar que a depressão possa ser subdiagnosticada por manifestações com sintomas inespecíficos, portanto é imprescindível que todos ao redor da criança reconheçam esses possíveis indicadores para que possam ser encaminhadas para tratamento especializado.

IV. STRESS INFANTIL
O stress em geral, é uma reação do organismo, que podem ocorrer em qualquer pessoa, independentemente de idade, raça, sexo ou situação sócio-econômica. Conforme Lipp (1984, apud Lipp e Lucarelli, 1998) o stress é o conjunto de reações emitidas pelo organismo quando este é exposto a qualquer estímulo que o altere.
Em períodos de stress, a harmonia do organismo fica afetada e cada órgão passa a trabalhar em ritmo diferente dos demais. Se esse estado se prolongar por muito tempo, haverá uma queda de equilíbrio interior e um enfraquecimento do organismo e, conseqüentemente, a manifestação de sintomas e doenças.

V. ATRASO NA INTELIGÊNCIA
O indivíduo, também pode passar por momentos em que sua inteligência encontra-se comprometida. Nesse caso, é importante averiguar.
A inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair idéias, compreender idéias e linguagens e aprender.
A consciência atua conjuntamente à inteligência sendo distinta dela, a inteligência "mostra" para a consciência o significado das coisas percebidas, que elas são diferentes, e mesmo quando fisicamente semelhantes podem ter finalidades diferentes.
De acordo com Fernández (1991), o pensamento humano é um só, onde acontecem a significação simbólica e a capacidade de organização lógica.

VI. ATRASO NA MATURIDADE PARA LEITURA
A questão da maturidade deve ser tratada com especial atenção, pois para avaliar uma criança nesse aspecto, é necessário que ela esteja pronta e com os conhecimentos interiorizados. Esses conhecimentos a criança assimila antes na sua forma subjetiva, sendo guiada a observar e reproduzir ou registrar com carinho e exatidão o mundo que o professor lhe apresenta. Assim ela cria uma base moral e sólida em sua inteligência afetiva que lhe servirá como alicerce sobre o qual edificará um raciocínio lógico, sendo seu instrumento próprio para julgar e avaliar a si própria e ao mundo. Fonseca (1995), admite que a aprendizagem da leitura constitui uma relação simbólica entre o que se ouve e diz com o que se vê.

VII. ATRASO NA DISCRIMINAÇÃO FONOLÓGICA
A dificuldade de discriminação fonológica leva a criança a pronunciar as palavras de maneira errada. Essa falta de consciência fonética, decorrente da percepção imprecisa dos sons básicos que compõem as palavras, acontece, já, a partir do som da letra e da sílaba. Essas crianças podem expressar um alto nível de inteligência, "entendendo tudo o que ouvem", como costumam observar suas mães, porque têm uma excelente memória auditiva. Portanto, sua dificuldade fonológica não se refere à identificação do significado de discriminação sonora da palavra inteira, mas da percepção das partes sonoras diferenciais de que a palavra é composta. A detecção precoce dos distúrbios de linguagem possibilita introduzir procedimentos preventivos diminuindo a incidência ou a severidade de problemas futuros.
As características do transtorno de linguagem e posteriores de leitura e escrita só serão verificadas no período formal de alfabetização, o que reforça a necessidade de detectar precocemente tais distúrbios.

VIII. ATRASO NA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
A consciência fonológica é a habilidade de segmentar a fala e manipular tais segmentos. É a consciência de que as palavras são constituídas por uma seqüência de sons, que se desenvolve gradualmente durante a infância como parte da habilidade metalingüística, ou seja, a capacidade de pensar e operar sobre a linguagem como um objeto.
O estudo da consciência fonológica, de acordo com Paiva (2004), permite o conhecimento de segmentação das palavras, bem como seus modelos teóricos para explicar os processos de aprender a ler. As habilidades de consciência fonológica podem ser testadas através de diferentes tarefas, as quais podem apresentar um maior ou um menor grau de dificuldade, podendo ser tidas como simples ou complexas.

IX. ATRASO NO DESEMPENHO ESCOLAR
Promover um ensino de qualidade tem sido o grande desafio do Brasil, tendo em vista inúmeros problemas refletidos nas políticas educacionais. Muitos programas, segundo Bossa (2002), têm sido implementados, pelo poder público, para incentivar o ingresso de brasileiros à escola e garantir a sua continuidade e permanência, assegurando, ainda, aos indivíduos, um ensino com qualidade que possa promover plenamente a formação de sua cidadania. Apesar da proliferação de programas voltados para a melhoria e a qualidade da escola, ainda não se conseguiu erradicar do sistema educacional público o fenômeno do fracasso escolar, conseqüentemente, a diminuição dos altos índices de reprovação e evasão.
Muitos educadores, conforme Cordié (1996), atribuem o mau desempenho do aluno, o seu insucesso ou fracasso escolar, em decorrência da dificuldade de aprender e reter conteúdos. A dificuldade de aprendizagem, portanto, se constitui como um dos principais agravantes para o fracasso escolar do aluno. Neste estudo, os termos dificuldade de aprendizagem, dificuldade escolar, problema de aprendizagem serão empregados num mesmo sentido, se referindo a maneira pela qual o fracasso escolar é expresso. O baixo rendimento e/ou desempenho escolar são pontos de partida para detecção de problemas relacionados à leitura, à escrita e a cálculos- matemáticos.
Busca oferecer de forma objetiva uma avaliação das capacidades fundamentais para o desempenho escolar, mais especificamente da escrita, aritmética e leitura.

É importante relatar que o saber psicopedagógico, antes de tudo, é o trabalho de auto-análise das próprias dificuldades e possibilidades no aprender, pois a formação do Psicopedagogo, assim como requer a transmissão de conhecimentos e teorias, também requer um espaço para a construção de um olhar e escuta psicopedagógica a partir de uma análise de seu próprio aprender.
A prática psicopedagógica, se faz, então, sob olhar clínico e sob o trabalho competente do Psicopedagogo e dos elementos de intervenção. Dessa forma, propõe-se que este, aproveite do “poder” que lhe é atribuído para possibilitar que o atendimento clínico seja um espaço de escuta do desejo e de trocas acima de tudo.
E para concluir, que o Psicopedagogo reflita sobre seu exercício, pois não basta ter o domínio teórico e sim, a capacidade de selecionar e processar saberes infinitos, de acordo com cada caso, para dar conta de cada um, identificando as possíveis intervenções

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